segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Telemóvel, para que te quero?

O telemóvel, do inglês cell phone ou mobile phone, foi um equipamento concebido em 1947, nos EUA, com o objectivo de facilitar as telecomunicações, através do seu sistema de portabilidade.
Pensado, inicialmente, como um meio portátil de comunicação de longa distância, apenas acessível a uma pequena elite com estatuto socioeconómico elevado, rapidamente se foi transformando numa máquina complexa de multiusos capaz de enviar mensagens por sms e mms, ler de músicas, tirar fotografias e fazer vídeos, estabelecer ligação sem fios à internet, servir de motor de pesquisa, agenda, calendário, calculadora, balcão de operações comerciais, álbum de fotografias, plataforma de redes sociais, entre outros.
Hoje, ver alguém com androids e outros tipos de telemóveis com tecnologia avançada é vulgar, toda a gente tem telemóvel. A crescente acessibilidade a este tipo de equipamento, potenciado pelo desenvolvimento de formatos cada vez mais pequenos a preço relativamente reduzido, globalizou a sua utilização, independentemente da cultura ou idade dos seus utilizadores.
É um facto que o telemóvel tem conquistado um espaço cada vez maior no nosso quotidiano, tornando-se um parceiro indispensável não só no mundo dos negócios, mas sobretudo nas nossas vidas pessoais, chegando a criar dependência.
Nos jovens, a utilização dos telemóveis chega a ser tóxica. Há mesmo os que nunca o largam, como se de um órgão se tratasse, sendo impensável viver ou separar-se dele. Dão-lhe grande importância; elegem-no como forma prioritária de comunicação; são acometidos por mal-estar e até ataques de ansiedade, angústia e pânico se o telemóvel não está carregado; usam o telemóvel para exercer controlo sobre as suas relações sentimentais; sentem uma necessidade insaciável de contacto permanente com alguém, sendo o telemóvel o intermediário privilegiado da comunicação; dormem, acordam, vivem colados ao seu telemóvel.
No Reino Unido, uma pesquisa feita no The Royal Post constatou que 58% dos britânicos e 48% das britânicas sofrem deste problema, baptizado de nomofobia (que tem origem nas palavras em inglês No Mobile, ou seja, não ter o telemóvel ligado). Aliás, a nomofobia já aparece na Wikipédia, definido como uma fobia ou sensação de angústia que surge quando alguém se sente impossibilitado de se comunicar ou se vê incontactável estando sem o seu telemóvel.
Um bom exemplo deste tipo de dependência pode ser observado durante uma refeição em família, durante a qual pais e filhos levam os seus telemóveis para a mesa, utilizando-os para falar com os amigos, actualizar as redes sociais, tirar fotos à comida, consultar a meteorologia, ver fotos, jogar ou alimentar o gatinho digital. Ou seja, o telemóvel passa a ser o centro das várias atenções, cortando assim o convívio familiar, tornando o local da refeição, uma mera cantina.
Não sou contra utilização do telemóvel. Pelo contrário, apoio a utilização racional do telemóvel multiusos, pois penso que é uma solução inteligente compactar as funcionalidades de vários dispositivos apenas em um, penso que é prático e eficaz.
Contudo, sou contra a utilização abusiva e banalizada do telemóvel, por considerar que nos pode tornar, de facto, dependentes, alienando-nos da verdadeira realidade.
Enquanto estamos centrados no nosso telemóvel, o mundo à nossa volta passa-nos ao lado, o mundo não nos interroga e nós não interrogamos o mundo. Vivemos no nosso pequeno mundo, temos a sensação de tudo controlar, de estar onde queremos estar, de escolher os amigos, ter privacidade, liberdade, cumplicidade, mas na verdade estamos sozinhos dentro do nosso pequeno aquário de paredes de vidro. Frágil, muito frágil!

Se o telemóvel foi originalmente concebido para facilitar a comunicação, por que razão utilizá-lo para criar barreiras comunicacionais, conflitos e dependências. Comunicar é interagir e para isso é necessário estar disponível para os outros, estar aberto ao mundo à nossa volta, partilhar ideias e sentimentos, de preferência, ao vivo e a cores!
Por isso, há que perguntar antes de utilizar: Telemóvel, para que te quero?
Aqui ficam os links de dois vídeos que podem ajudar a encontrar a resposta.
I Forgot My Phone, 
https://www.youtube.com/watch?v=OINa46HeWg8
Look up - Gary Turk - Legenda Português BR - Kleber Carriello, 
https://www.youtube.com/watch?v=EPoUKDuGMLg

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