sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Interpretação do poema "Creio que Irei Morrer", de Alberto Caeiro

Creio que Irei Morrer
Creio que irei morrer.
Mas o sentido de morrer não me move,
Lembro-me que morrer não deve ter sentido.
Isto de viver e morrer são classificações como as das plantas.
Que folhas ou que flores têm uma classificação?
Que vida tem a vida ou que morte a morte?
Tudo são termos onde se define.

Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”

Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, é caracterizado por cantar a morte sem desespero e o envelhecer sem angústia. Neste poema pode-se observar a importância dada ao presente. Alberto Caeiro era um poeta objetivo, e isso pode-se comprovar através deste poema.
O sujeito lírico sabe que um dia irá morrer, e demonstra um estado de tranquilidade perante esta realidade, afirmando que aquele sentido de morrer não o preocupa, talvez por abolir dos seus próprios pensamentos o vício de pensar. O eu lírico afirma que morrer e o viver não têm um sentido lógico, não passam de classificações, como aquelas dadas às plantas. O poeta dá enfase ao subjetivismo da morte e da vida, e que não existe vida na vida, nem morte na própria morte, é dada uma despreocupação a isto. Por isso pode-se afirmar que o poeta é objetivo, e considera estas, pouco objetivas.
Este é um poema em que podemos reconhecer algumas características deste heterónimo, como, o objetivismo, o anti metafisica, a importância dada ao presente, e a forma sem desespero como ele canta a morte. 

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