quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A luz que vem das pedras




A Luz que Vem das Pedras
A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra,
tu a colhes, mulher, a distribuis
tão generosa e à janela do mundo.
O sal do mar percorre a tua língua;
não são de mais em ti as coisas mais.
Melhor que tudo, o voo dos insectos,
o ritmo nocturno do girar dos bichos,
a chave do momento em que começa o canto
da ave ou da cigarra
— a mão que tal comanda no mesmo gesto fere
a corda do que em ti faz acordar
os olhos densos de cada dia um só.
Quem está salvando nesta respiração
boca a boca real com o universo?

Pedro Tamen, in "Agora, Estar"

Este poema, de Pedro Tamen, tem como tópico base o amor, tendo começado por narrar o momento importante da sua vida amorosa, a sua paixão, que foi vitima de “semeou” e “distribuição” por parte da amada, depois, passa ao momento da partilha desse amor, agora totalmente crescido, que é descrito pelo autor como o melhor sentimento de todos e como o pináculo momentâneo, por fim, o autor anuncia o desfeche da peça com uma alternativa, quase como uma ameaça, que o que pode oferecer amor, também o pode tirar.
Na minha opinião, o autor interpreta o amor como uma esperança, como um milagre e, no entanto, um sentimento encarnado dentro de nós, tal afirmação pode ser dita com base no primeiro verso” A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra”, que parece bastante esclarecedor em si. Com a minha experiência vitalícia , devo dizer que ele conseguiu tornar o amor como algo eterno, raro e, no entanto, tão comum.

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