domingo, 23 de fevereiro de 2014

30

Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre.

António Franco Alexandre
Duende

 O poema tem como tema a morte sendo também um soneto onde o poeta com um sentimento melancólico e pessimista afirma que tentara se salvar ao misturar-se com os duendes esperando ascender a algo divino, para alem da sua existência física, explicando mais tarde que não tinha sido um gesto como o de alguém que precisava que como diz no texto tentando-se desculpar.
No final do poema constata que tinha caído no esquecimento onde só encontrara a morte.


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