Sem ver de quê; um sorriso brando e honesto,
quási forçado; um doce e humilde gesto,
de qualquer alegria duvidoso
Um desejo quieto e vergonhoso;
um repouso gravíssimo e modesto;
ua pura bondade, manifesto
indício da alma, limpo e gracioso;
Um escolhido ousar; ua brandura;
um medo sem ter culpa; um ar sereno;
um longo e obediente sofrimento:
Esta foi a celeste formosura
da minha Circe, e o mágico veneno
que pôde transformar o meu pensamento.
Esta composição estrófica o sujeito
poético descreve o tu lírico, salientando as suas características: a amada
revela-se alegre (“sorriso”), genuína (“honesta”), amável (“um doce e humilde
gesto”), benévola (“uma pura bondade”). O sujeito demonstra o seu desejo carnal
(“um desejo quieto e vergonhoso”) pela amada, pela sua figura feminina (“celeste
formosura”). Figura feminina que lhe enfeitiçou, tornando-a num pensamento
inevitável (“que pôde transformar meu pensamento”).
Na minha opinião este é um poema que,
dá valor aos traços morais, tenta produzir uma imagem de idealização e não de
individualização. Um poema em que o sujeito poético descreve a figura feminina
de uma maneira petrarquista, porque faz uma adjetivação abundante e por
substantivos abstratos.
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