Já a luz se apagou do chão
do mundo,
deixei de ser mortal a
noite inteira;
ofensa grave a minha, que
tentei
misturar-me aos duendes na
floresta.
De máscara perfeita, e
corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém
nunca
saberia que ainda
permaneço
deste lado do tempo onde
sou gente.
Não fora o gesto humano de
querer-te
como quem, tendo sede, vê
na água
o reflexo da mão que a
oferece,
seria folha de árvore ou
sério gnomo
absorto no silêncio de uma
rima
onde a morte cessasse para
sempre.
António Franco Alexandre
Duende
O poema tem como
tema a morte sendo também um soneto onde o poeta com um
sentimento melancólico e pessimista afirma que tentara se salvar ao
misturar-se com os duendes esperando ascender a algo divino, para alem da
sua existência física, explicando mais tarde que não tinha
sido um gesto como o de alguém que precisava que como diz no texto
tentando-se desculpar.
No final do poema constata
que tinha caído no esquecimento onde
só encontrara a morte.
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