Creio que Irei
Morrer
Creio que irei morrer.
Mas o sentido de morrer não me move,
Lembro-me que morrer não deve ter sentido.
Isto de viver e morrer são classificações como as das
plantas.
Que folhas ou que flores têm uma classificação?
Que vida tem a vida ou que morte a morte?
Tudo são termos onde se define.
Alberto Caeiro, in
“Poemas Inconjuntos”
Alberto Caeiro, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, é
caracterizado por cantar a morte sem desespero e o envelhecer sem angústia. Neste poema pode-se observar a importância dada ao presente. Alberto Caeiro era um poeta objetivo, e isso pode-se comprovar através
deste poema.
O sujeito lírico sabe que um dia irá morrer, e demonstra um
estado de tranquilidade perante esta realidade, afirmando que aquele sentido de
morrer não o preocupa, talvez por abolir dos
seus próprios pensamentos o vício de pensar. O eu lírico afirma que morrer e o
viver não têm um sentido lógico, não passam de classificações, como aquelas dadas
às plantas. O poeta dá enfase ao subjetivismo da morte e da vida, e que não
existe vida na vida, nem morte na própria morte, é dada uma despreocupação a
isto. Por isso pode-se afirmar que o poeta é objetivo, e considera estas, pouco objetivas.
Este é um poema em que podemos reconhecer algumas
características deste heterónimo, como, o objetivismo, o anti metafisica, a
importância dada ao presente, e a forma sem desespero como ele canta a morte.
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