Caravaggio, «São Paulo»
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Conversão de São Paulo
1E Saulo,
respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo sacerdote. 2E pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas,
a fim de que, se encontrasse alguns neste Caminho, quer homens quer mulheres,
os conduzisse presos a Jerusalém. 3E, indo no caminho, aconteceu
que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do
céu. 4E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo,
por que me persegues? 5E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor:
Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os
aguilhões. 6E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que
eu faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito
o que te convém fazer. 7E os homens, que iam com ele, pararam
espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. 8E Saulo
levantou-se da terra, e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela
mão, o conduziram a Damasco. 9E esteve três dias sem ver, e não
comeu nem bebeu. 10E havia em Damasco um certo discípulo chamado
Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui,
Senhor. 11E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada
Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois
eis que ele está orando; 12E numa visão ele viu que entrava um homem
chamado Ananias, e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver. 13E
respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem
feito aos teus santos em Jerusalém; 14E aqui tem poder dos
principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. 15Disse-lhe,
porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o
meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. 16E
eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. 17E Ananias foi,
e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus,
que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e
sejas cheio do Espírito Santo. 18E logo lhe caíram dos olhos como
que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado. 19E,
tendo comido, ficou confortado. E esteve Saulo alguns dias com os discípulos
que estavam em Damasco. 20E logo nas sinagogas pregava a Cristo, que
este é o Filho de Deus. 21E todos os que o ouviam estavam atônitos,
e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam este nome, e
para isso veio aqui, para os levar presos aos principais dos sacerdotes? 22Saulo,
porém, se esforçava muito mais, e confundia os judeus que habitavam em Damasco,
provando que aquele era o Cristo. 23E, tendo passado muitos dias, os
judeus tomaram conselho entre si para o matar. 24Mas as suas ciladas
vieram ao conhecimento de Saulo; e como eles guardavam as portas, tanto de dia
como de noite, para poderem tirar-lhe a vida, 25Tomando-o de noite
os discípulos o desceram, dentro de um cesto, pelo muro. 26E, quando
Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o
temiam, não crendo que fosse discípulo. 27Então Barnabé, tomando-o
consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao
Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. 28E
andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, 29E falava
ousadamente no nome do Senhor Jesus. Falava e disputava também contra os
gregos, mas eles procuravam matá-lo. 30Sabendo-o, porém, os irmãos,
o acompanharam até Cesaréia, e o enviaram a Tarso. 31Assim, pois, as
igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e
se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo. 32E
aconteceu que, passando Pedro por toda a parte, veio também aos santos que
habitavam em Lida. 33E achou ali certo homem, chamado Enéias,
jazendo numa cama havia oito anos, o qual era paralítico. 34E
disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te dá saúde; levanta-te e faze a tua
cama. E logo se levantou. 35E viram-no todos os que habitavam em
Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor. 36E havia em Jope
uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas. Esta estava cheia de
boas obras e esmolas que fazia. 37E aconteceu naqueles dias que,
enfermando ela, morreu; e, tendo-a lavado, a depositaram num quarto alto. 38E,
como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, lhe
mandaram dois homens, rogando-lhe que não se demorasse em vir ter com eles. 39E,
levantando-se Pedro, foi com eles; e quando chegou o levaram ao quarto alto, e
todas as viúvas o rodearam, chorando e mostrando as túnicas e roupas que Dorcas
fizera quando estava com elas. 40Mas Pedro, fazendo sair a todos,
pôs-se de joelhos e orou: e, voltando-se para o corpo, disse: Tabita,
levanta-te. E ela abriu os olhos, e, vendo a Pedro, assentou-se. 41E
ele, dando-lhe a mão, a levantou e, chamando os santos e as viúvas,
apresentou-lha viva. 42E foi isto notório por toda a Jope, e muitos
creram no Senhor. 43E ficou muitos dias em Jope, com um certo Simão
curtidor.
Actos dos Apóstolos, 9
Madalenas
Havia já muitos anos que, de
Combray, não existia para mim tudo o que não fosse o teatro e o drama do meu
deitar, quando, num dia de Inverno, ao regressar a casa, a minha mãe, vendo-me
com frio, me propôs que, contra o meu hábito, tomasse um chá. Comecei por
recusar e, não sei porquê, mudei de opinião. Ela mandou buscar um daqueles
bolos pequenos e roliços chamados «madalenas», que parecem ter sido moldados na
concha estriada de uma vieira. E não tardou que, maquinalmente, abatido pelo
dia taciturno e pela perspectiva de um triste dia seguinte, levei à boca uma
colher de chá onde deixara amolecer um pedaço de madalena. Mas no preciso
instante em que o gole com migalhas d ebolo misturadas me tocou no céu da boca,
estremeci, atento ao que de extraordinário estava a passar-se em mim. Fora
invadido por um prazer delicioso, um prazer isolado, sem a noção da sua causa.
Tornara-me imediatamente indiferentes as vicissitudes da vida, inofensivos os
seus desastres, ilusória a sua brevidade, do mesmo modo que o amor opera,
enchendo-me de uma essência preciosa: ou, antes, tal essência não estava em
mim, era eu mesmo. Deixara de me sentir medíocre, contingente, mortal. Donde
poderia ter vindo aquela poderosa alegria? Sentia-a ligada ao gosto do chá e do
bolo, mas ultrapassava-o infinitamente, não devia ser da mesma natureza. Donde
vinha? Que significava? Onde agarrá-la? Bebo um segundo gole, no qual nada
encontro a mais que no primeiro, e um terceiro que me traz um pouco menos que o
segundo. É tempo de parar, a virtude da bebida parece estar a diminuir. É
evidente que a verdade que procuro não está nela, mas em mim. Ela despertou-a,
mas não a conhece, e não pode mais do que repetir indefinidamente, cada vez com
menos força, aquele mesmo testemunho que não sei interpretar e que, pelo menos,
quero poder tornar a pedir-lhe e reencontrar intacto, à minha disposição, daqui
a pouco, para um decisivo esclarecimento. Poiso a xícara e volto-me para o meu
espírito. A ele cabe encontrar a verdade. Mas como? Grave incerteza, sempre que
o espírito se sente ultrapassado por si mesmo; quando ele, o explorador, é todo
ele o país escuro que tem a explorar e onde lhe não servirá de nada toda a sua
bagagem. Explorar? Não só: criar. Está diante de algo que não é ainda e que só
ele pode tornar real e depois fazer entrar na sua luz.
E recomeço a perguntar a mim
mesmo qual poderia ser esse estado desconhecido, que não trazia consigo
qualquer prova lógica, mas sim a evidência da sua felicidade, da sua realidade,
diante da qual as outras se esfumavam. Pretendo tentar fazê-lo reaparecer. Retrocedo
pelo pensamento ao momento em que tomei a primeira colher de chá. Reencontro o
mesmo estado, sem uma clareza nova. Peço ao meu espírito mais um esforço,, que
me traga mais uma vez a sensação que se escapa. E para que nada quebre o
impulso com que vai tentar reagarrá-la, afasto todos os obstáculos, todas as
ideias alheias, protejo os meus ouvidos e a minha atenção contra os ruídos do
quarto contíguo. Mas, sentindo que o meu espírito se fatiga sem o conseguir,
forço-o, pelo contrário, a tomas essa distracção que eu lhe recusava, a pensar
noutra coisa, a restabelecer-se antes de uma suprema tentativa. Depois, pela
segunda vez, faço o vazio à frente dele, torno a pôr diante dele o sabor ainda
recente daquele primeiro gole, e sinto estremecer em mim qualquer coisa que se
desloca, que queria erguer-se, qualquer que terão desancorado, a uma grande
profundidade; não sei que é, mas sobe lentamente; sinto a resistência e oiço o
rumor das distâncias atravessadas.
Não há dúvidas de que o que assim
palpita no fundo de mim deve ser a imagem, a recordação visual, que, ligada a
este sabor, tenta segui-lo até mim. Mas debate-se muito longe, muito
confusamente; mal posso discernir o reflexo neutro onde se confunde o
inapreensível turbilhão das cores agitadas; mas não posso distinguir a forma,
pedir-lhe, como único intérprete possível, que me traduza o testemunho do seu
contemporâneo, do seu inseparável companheiro, o sabor, pedir-lhe que me diga
de que especial circunstância, de que época do passado se trata.
Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido, Do Lado de Swann
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
O que é o "cânone"?
O
"cânone" é o conjunto das obras literárias mais polémicas, também
chamadas de "clássicos" que por esta razão são discutidas e
frequentemente incluídas nos programas escolares. Fazem parte da cultura geral.
Mas nem todos concordam com esta ideia de cânone, tendo diferentes opiniões
sobre o que consideram ser clássicos; e a necessidade de discussão deste tema
diz respeito, também, muitas vezes, aos autores canónicos e aos autores que vão
surgindo ao longo do tempo ("recém-chegados"), com o objetivo de
tentar encontrar lugar para eles e para suas as obras nos "cânones".
O Cânone:
O cânone é um conjunto de autores e de obras consideradas modelos de referência da cultura nacional (clássicos da literatura), um conjunto de obras literárias que todos deveriam de conhecer e que desde cedo é abordado nas escolas.
No entanto existe uma grande controvérsia sobre quais seriam as obras a serem incluídas neste conjunto, pois cada pessoa, cada comunidade, cada povo, tem as suas preferências e opiniões nas escolhas literárias, tornando o cânone subjectivo.
O cânone é um conjunto de autores e de obras consideradas modelos de referência da cultura nacional (clássicos da literatura), um conjunto de obras literárias que todos deveriam de conhecer e que desde cedo é abordado nas escolas.
No entanto existe uma grande controvérsia sobre quais seriam as obras a serem incluídas neste conjunto, pois cada pessoa, cada comunidade, cada povo, tem as suas preferências e opiniões nas escolhas literárias, tornando o cânone subjectivo.
Rui Paraíso
"Nighthawks"de Edward Hopper
Nighthawks é uma pintura de 1942 de Edward Hopper que retrata pessoas sentadas num restaurante durante a noite.
Hopper pintou a obra num cenário pós o ataque a Pearl Harbor (2ª Guerra Mundial). Após o ataque, houve um sentimento generalizado de tristeza por todo o país, um sentimento que é retratado na pintura.
Na pintura é visível uma rua totalmente vazia, onde um restaurante ainda está aberto ao público. No balcão estão três pessoas, um casal e um homem virado de costas, todos perdidos entre pensamentos e sem conversar uns com os outros. Já o empregado parece estar a olhar para fora do estabelecimento.
A luz do restaurante ilumina toda a rua chegando até à janela de uma segunda loja do outro lado da rua.
O clima está quente como se pode confirmar pela maneira de como a mulher se veste.
E em cima do restaurante está em destaque um anúncio dos cigarros "Phillies".
Este é um retrato da vida urbana moderna, vazia e solitária.
Ao olhar com atenção reparamos que tanto o bar como o balcão não têm saída formando uma armadilha de que não se consegue sair.
Nighthawks é uma pintura de 1942 de Edward Hopper que retrata pessoas sentadas num restaurante durante a noite.
Hopper pintou a obra num cenário pós o ataque a Pearl Harbor (2ª Guerra Mundial). Após o ataque, houve um sentimento generalizado de tristeza por todo o país, um sentimento que é retratado na pintura.
Na pintura é visível uma rua totalmente vazia, onde um restaurante ainda está aberto ao público. No balcão estão três pessoas, um casal e um homem virado de costas, todos perdidos entre pensamentos e sem conversar uns com os outros. Já o empregado parece estar a olhar para fora do estabelecimento.
A luz do restaurante ilumina toda a rua chegando até à janela de uma segunda loja do outro lado da rua.
O clima está quente como se pode confirmar pela maneira de como a mulher se veste.
E em cima do restaurante está em destaque um anúncio dos cigarros "Phillies".
Este é um retrato da vida urbana moderna, vazia e solitária.
Ao olhar com atenção reparamos que tanto o bar como o balcão não têm saída formando uma armadilha de que não se consegue sair.
Rui Paraíso
O que é o cânone?
Na
perspectiva do autor o cânone é o conjunto das obras, dos grandes clássicos,
que constituem a literatura e cultura de um país, apresentam-se desde cedo nas
escolas e são objecto de discurso e referência. Contudo nem todos, apoiam este
cânone, nem todos consideram as ditas obras dignas de serem etiquetadas como
modelos ou grandes obras, daquelas que nos devem servir de exemplo, pois como
podemos imaginar cada um deve ter a sua opinião sobre o que acha que deve ser e
o que não deve, assim para definir um cânone temos que contar com a
subjetividade das pessoas.
O que é a Literatura?
Antônio M. Feijó caracteriza a literatura como "um corpo muito instável", "algo solene e falso", dizendo que para algo ser classificado como um <clássico>, tem de ser aceite e tomado como interessante pelos "pares" do autor, "...Como um grupo de marceneiros a olhar para uma cómoda e a reconhecer que está bem feita."
"Nighthawks" de Edward Hopper
Nesta pintura podem observar-se quatro pessoas num café, três clientes e um empregado. É de noite e a rua está deserta. As duas pessoas ao canto parecem ser um casal, o homem que está sozinho parece estar à espera de algo do empregado que aparenta estar atarefado.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
"Cape Cod Morning" de Edward Hopper
Uma última vez
Estávamos na Primavera de 1942. Por todo o lado ouviam-se rumores
sobre a guerra, sobre os Alemaes e os judeus, sobre os campos de concentração e
as mortes. A cada dia que passava, mais americanos eram enviados para
Inglaterra a fim de combaterem ao lado dos Aliados, sem nunca ter a certeza se
voltariam para casa.
Tínhamos ido passar uma semana na nossa casa do prado, longe de
tudo e todos, onde apenas se ouvia a aragem a passar no meio das ervas altas e
o chão de madeira gasto a ranger quando o pisávamos. Costumávamos passar cá
temporadas nesta altura do ano: o bom tempo era uma razão para nos alegrarmos e
celebrarmos porque com este vinham, também, as longas noites a observar as
estrelas, os serões passados com os amigos, as gargalhadas, os dias quentes e
compridos, os passeios de mãos dadas sem fim, a tranquilidade.
Mas agora, nenhum de nós falava, só se ouvia a sua respiração meia
ofegante. Ambos fixávamos a carta em cima da mesa, aterrorizados. Sabíamos o
que significava. Lentamente, espreitei pelo canto do olho e vi que o seu rosto
não tinha expressão, estava imóvel como uma estátua fria e morta.
Estendi a minha mão trémula e, devagarinho, segurei a dele como se
de cristal se tratasse. Não reagiu durante alguns segundos. Em seguida, olhou
para mim com os olhos azuis outrora radiantes, mas que agora pareciam desolados
e puxou me para si envolvendo me nos seus braços com força. Não aquela força
que nos faz sentir claustrofóbicos e sem ar mas aquela que nos sabe bem quando
aplicada na altura certa, que nos faz sentir especiais.
Não sei quanto tempo ficámos assim mas as minhas mãos em torno do
seu pescoço recusavam larga-lo. Nem queria pensar que este abraço se estava
prestes a tornar apenas uma memoria, em breve esquecida no tempo. Era uma ideia
inaceitavel.
Passei os meus dedos delicados pelo seu cabelo macio, enquanto ele
acariciava o meu, e cheirei, suavemente, o seu perfume. Fechei os olhos e
comecei a sussurrar-lhe ao ouvido uma canção especial, uma há muito nossa
conhecida, na esperança de afugentar os demónios que se apoderavam dos seus
pensamentos.
Foi escurecendo por isso fomo-nos deitar porém os minutos pareciam
horas enquanto permanecíamos ali, deitados a frente a frente, tentando não
fechar os olhos pesados e escutando o silêncio ensurdecedor que fazia questão
de partilhar aquele quarto connosco.
E então, amanheceu. Depois de vestir o seu uniforme, calçar as
suas botas e pôr o seu saco às costas, dirigimo-nos os dois à porta
acompanhados pelo ranger do chão antigo a cada passada.
Lá fora, o sol rasgava o horizonte preenchendo o prado com um tom dourado.
O ar estava abafado e irrespirável.
Ele voltou-se para mim e os seus lábios tocaram os meus uma última
vez.
“ Vou ter saudades” disse ele, e partiu.
Fui para dentro e da janela observei-o, enquanto se afastava por
entre as ervas, com o coração nas mãos.
domingo, 20 de outubro de 2013
''Nightawks'' de Edward Hopper
Pensei em toda a minha vida, as alegrias, as tristezas, os medos, na minha família e no meu divertimento. E neste bar nessa noite cheguei a uma conclusão que com 37 anos de vida que já passaram não tinha feito nada de extraordinário nela e de seguida olhei para o casal e vi que estavam a aproveitar cada momento que estavam juntos como fosse o último e assim decidi-me. Paguei ao empregado , saí do bar e fui para casa lá contei tudo á minha família e rapidamente planeamos o nosso futuro e assim todas as noites depois do trabalho ia ao mesmo bar sentava me no mesmo banco sempre de casaco e chapéu pedia uma bebida e sentia me feliz pois tinha sidoo naquele bar e daquela maneira que tinha conseguido que a minha vida mudasse completamente e assim desfrutar cada momento com a minha família de uma forma muito mais divertida e inovadora.
Francisco Proença
"People in the sun" de Edward Hopper
Pequenos cirros mancham o azul do céu.

"Gas", de Edward Hopper, 1940
Um velhote fecha a sua bomba de gasolina, em mais um dia tranquilo e longo. A noite está a chegar à floresta, o homem prepara-se para fechar a bomba e inicia mais uma viagem até casa.
O quadro representa uma fronteira, entre a civilização, humana, moderna, que vai conquistando espaço ao que é desconhecido; e entre a natureza, simples, misteriosa, e aparentemente impotente.
A bomba, representativa da civilização, não consegue sobrepor-se à grande floresta e à sua escuridão imensa. A pintura também representa a solidão da bomba em relação ao mundo. O homem, e a sua bomba de gasolina, são o único rasto de humanidade no meio da imensidão da floresta americana.
O quadro representa uma fronteira, entre a civilização, humana, moderna, que vai conquistando espaço ao que é desconhecido; e entre a natureza, simples, misteriosa, e aparentemente impotente.
A bomba, representativa da civilização, não consegue sobrepor-se à grande floresta e à sua escuridão imensa. A pintura também representa a solidão da bomba em relação ao mundo. O homem, e a sua bomba de gasolina, são o único rasto de humanidade no meio da imensidão da floresta americana.
"New York Interior" de Edward Hopper
A noiva desolada
Tudo começou em casa da minha tia, era dia 25 de dezembro, no ano de 1921, o ano em que fizera 17 anos, era Natal, mas uma certa agitação incomodativa enchia o ar, tinha calafrios, sentia-me constrangida, naquele lugar e naquela hora tudo parecia não encaixar, eu não pertencia ali, trocavam-se sorrisos falsos, abraços frios e olhares invejosos, era tudo menos Natal. Foi aí que passado um interminável jantar a observar os candelabros, o repetitivo papel de parede, de escutar aqui e ali a conversas, chega até mim apressadamente a minha tia, seus olhos brilhavam como chamas acesas e sua boca tremia de ansiedade. Nesse momento passou-me um arrepio pelo corpo avisando-me de que algo não estava bem... Até que vejo ao meu lado um rapaz, estava branco como a cal, muito sério e que devia ter para aí a minha idade, bem não fui capaz de continuar a minha avaliação pois fui interrompida por quem já esperava ser: a minha tia. Começa com um discurso atrapalhado e pretensioso tentando me apresentar o tal rapaz dizendo que ele vinha da família blablabla, que vivia... perdi-me, aquela minha tia sabia como cansar e adormecer uma pessoa. Foi assim que desapareceu e o pobre rapaz foi deixado sozinho ao meu lado sem saber bem o que fazer olhando curvado para o chão.
Saberia lá eu alguma vez na minha vida que
aquilo estava a ser programado e
esperado pela minha família desde á muito tempo. Sim aquilo não era coisa boa,
era assustador e manipulador, fazia-me sentir mal cada vez que olhava no
espelho, pois só via uma marioneta a ser arrastada por fios num palco comprido
e vazio, arrastavam-me de lá para cá e cá para lá e eu já tonta e sem rumo,
confusa com a vida. Aquilo era o impensável, como é que me eu poderia casar com
um paspalho que conheci na noite de natal? Como ? Eu perguntava-me todos os
dias... Era impossível de contrariar a minha família, estavam todos formatados,
todos sem excepção pareciam soldados alinhados a marcharem contra mim... Meu pai
fazia questão de me alertar todos os dias para a falta de dinheiro e que esta
era a única maneira de nos resgatar da iminente miséria, e que com o passar dos
anos seria feliz e acabaria por gostar dele... Irritava-me o desprezo que
tinham pela minha opinião e pela minha liberdade.
Foi tortuoso, arrancaram-me da cama de manhã
cedo e a partir daí deixei de ter o controlo de mim própria, deixei-me arrastar
mais uma vez pelos fios, só acordei quando estava no altar com o vestido branco
de roda, feito de seda aquele que tinha sido da minha prima mais velha, uma
desgraça, com um penteado elaboradíssimo, jóias e sapatos igualmente
emprestados... Estava a tremer de susto que já nem sentia o espartilho
sufocante, até que quando chegou a hora de dizer o “sim”, mudei, parei no tempo
e apercebi-me que aquele era o momento. Corri o mais depressa que pude, voei
até à entrada da igreja até que me voltei para trás e só tive coagem de dizer
“Desculpem”.
A partir daí só parei a minha corrida quando
cheguei a casa, quando me tranquei no meu quarto, sentei-me na cama e expirei.
Olhando para o meu vestido, com o véu nas mãos, ali estava eu virada de
costas para a janela pensando como tinha chegado àquele ponto e o que iria
fazer. Foi então que só me ocorreu o pensamento “Tenho que fugir”.
sábado, 19 de outubro de 2013
Nighthawks
Eu escolhi a pintura Nighthawks de Edward Hopper porque o seu realismo e tal que parece uma fotografia tirada nos anos 40.
O quadro em si parece-me austero e frio por causa das cores utilizadas como o branco e o amarelo pálido pintado com grande intensidade e que contrasta com os vermelhos do prédio e do balcão.
O autor teve muito cuidado o que mostra a sua perfeição e dedicação há pintura.
O interior do café parece acolhedor e de um ambiente agradável, ao passo que a rua mostra uma noite deserta e apenas iluminada por aquele ambiente agradável do café.

André Alves
O quadro em si parece-me austero e frio por causa das cores utilizadas como o branco e o amarelo pálido pintado com grande intensidade e que contrasta com os vermelhos do prédio e do balcão.
O autor teve muito cuidado o que mostra a sua perfeição e dedicação há pintura.
O interior do café parece acolhedor e de um ambiente agradável, ao passo que a rua mostra uma noite deserta e apenas iluminada por aquele ambiente agradável do café.
André Alves
"Railroad Sunset" de Edward Hopper
"Railroad Sunset",por Edward Hopper, retrata uma paisagem de um pôr-do-sol e um caminho de ferro.
Neste quadro a óleo, o pôr-do-sol é o que desperta mais atenção, o sol é um elemento de poder e a lua de renovação, por isso pode-se considerar o por do sol um equilíbrio entre os dois elementos.
Neste quadro vê-se uma espécie de torre por onde passa o comboio e algumas tabuletas. Não existe qualquer tipo de movimento, nem de pessoas, nem de animais. Pelas janelas da torre não se vê ninguém, talvez por ser tarde, ou então, por estar abandonada.
O quadro transmite-nos uma ideia de solidão, de melancolia e de silêncio, pois o movimento é inexistente, assim como a presença de pessoas.
O quadro transmite-nos uma ideia de solidão, de melancolia e de silêncio, pois o movimento é inexistente, assim como a presença de pessoas.
As pinturas de Edward Hopper são caracterizadas pelo silêncio, pela solidão e pela estagnação humana.
Francisco Coelho
Subscrever:
Mensagens (Atom)