Hugo Branco, Num. 10,
11 C.
Videojogos como Forma de Arte
Caros colegas; dirijo-me hoje a vocês
com um tópico que há muito me capta a atenção, talvez por ser muito próximo e
querido à minha pessoa.
Certamente, muitos
de vós estarão familiarizados com o conceito de "videojogos". E
seguramente já todos ouviram críticas no que toca ao "abuso" deste
tipo de entretenimento graças à sua crescente popularidade nestes últimos anos.
Todos os que jogaram ou jogam sabem o que é sentir o gosto por e o envolvimento
de um bom videojogo, e as vulgares críticas do público relativamente aos males
que vêm com a prática deste "hobby" servem exclusivamente para
instigar um "medo" irracional nos recém-chegados. Na realidade, a
experiência da envolvência na vida de um jogador pode muito bem provar ser algo
extremamente revigorante e agradável, um mundo de possibilidades aberto a
todos.
Quem não tem por hábito jogar, poderá nem sequer
subconscientemente procurar entender as razões porque tal é um hábito e uma
paixão para outros. Simplesmente, jogos são comummente, pelo mundo exterior,
vistos como vícios, ferramentas dirigidas para a exclusão social, métodos que
promovem o uso da violência, perdas de tempo, causas de problemas físicos tais
como dano à visão e a casual perda de concentração, etc. ...
Bem, fico feliz por reportar aqui, para vosso conhecimento,
que isto não passam de especulações exageradas da parte da população geral.
Está cientificamente comprovado, através de testes e estudos realizados por
certas empresas e organizações científicas, que muitas destas criticas
funcionam exatamente no sentido oposto, para surpresa de muitos.
Estudos do Centro Médico de Beth Israel em Nova
Iorque, do Laboratório Educacional de Appalachia, e da Universidade de
Rochester, entre muitos outros testes conduzidos por organizações semelhantes, defendem que os videojogos não são, somente, capazes de aumentar a capacidade de concentração
de um individuo, como aprimorar a sua aptidão para fazer decisões de forma mais rápida e sucinta. E não só. Graças à intensidade, requisito de pensamento rápido, e
exigência de ações atiladas e exatas de certos videojogos, o sistema de jogadores
comuns adapta-se de modo a permitir uma melhorada habilidade para mais rapidamente
e precisamente reconhecer e processar informação visual assim como fazer
julgamentos fundamentados e concisos. Está provado também que esta prática leva
os jogadores a aprender como muitas vezes lidar com os desafios e frustrações
da sua vida comum. E sim, é uma suposição disparatada dizer que
quem joga e gosta de o fazer, são crianças que não têm "vida", nem amigos. Os
típicos anti-sociais que vemos descritos nos desenhos animados como o rapaz com
excesso de peso e acne desproporcional, que usa óculos, só joga videojogos e
que todos evitam. Isto é um cliché exagerado,
um estereótipo que se torna cansativo. Na verdade, a vasta maioria dos
jogadores têm vidas sociais bastante normais e muitos são desportistas,
artistas, músicos... Até o falecido Robin Williams , ator mundialmente
adorado, se proclamava um, dando à sua
própria filha o nome de Zelda Williams ( Sendo 'A Lenda de Zelda' um célebre e
estimado franchise no mundo dos
videojogos). Um facto que de certeza surpreenderá a maioria, é que, (por
exemplo, para fundamentar o argumento) apesar de aproximadamente 90 porcento das crianças ( com capacidade
financeira ) nos Estados Unidos somente, jogarem consolas regularmente, a média
de idade de um jogador é de aproximadamente 33 anos.
Como vêm, assim de repente, não vos parece tão mal agarrar o
comando, pois não ?
Permitam-me partilhar convosco uma perspetiva pessoal de quem
sempre teve uma paixão por jogar. Jogos são arte. Competem a níveis que por
vezes nem o cinema nem a literatura conseguem alcançar. Afinal, tratam-se de formas de arte
diferentes. Mas para quem diz que jogos são só tiros e violência, eu digo que
de certeza não conhecem a beleza e a sofisticação, a paixão e dedicação em
todos os pormenores e aspetos que são necessários para fazer um jogo
verdadeiramente marcante e inesquecível. Jogos pertencentes aos ranks de Journey, The Unfinished Swan,
The Last of Us, The Walking Dead, Shadow of Colossus, Bioshock, Spec Ops: The
Line, entre muitos outros, conseguem traportar uma narrativa de forma espantosa
e simplesmente impensável de ser feita com qualquer outro género de arte. Muitos dos jogos
confiam a sua beleza e finura numa história contada sem palavras, uma
envolvente narrativa silenciosa. Outros apostam na pura e dura dor da tragédia
e da perda, assim como da responsabilidade e esperança. Outros ainda cativam com os seus
visuais de perder a respiração e momentos de introspeção profunda.
Jogos são, para quem se dá ao trabalho, de investir tempo, de
psicologicamente mergulhar e deixar-se envolver por estes mundos imensos, uma
das melhores e mais recompensadoras experiências que um sujeito poderá
concretizar. São paixões enterradas, à espera de serem descobertas, e galáxias de
inovação e maravilha inexploradas, chamando por nós.
Obrigado.